Estou atendendo uma paciente com fixador externo na tíbia Conversando com ele e conhecendo mais a fundo alguns dos incômodos da fixação, resolvi postar informações úteis a estes pacientes, segue uma publicação da Biblioteca Virtual de Saúde do Ministério da Saúde.
Introdução
Caro paciente! Você foi submetido a um procedimento cirúrgico-ortopédico no
qual foi aplicado um aparelho chamado fixador externo, que é um conjunto de
pinos metálicos fixados ao osso e de outros componentes localizados
externamente. Para melhores resultados, alguns esclarecimentos e cuidados
relativos ao uso do aparelho se fazem necessários.
Curativo
Além do curativo normal na ferida operatória, a limpeza diária da junção entre
a pele e o pino é fundamental para evitar inflamação ou infecção.
Água e sabão neutro, soro fisiológico e álcool a 70º são os únicos produtos a
serem usados. Depois da limpeza cuidadosa, os pinos devem ser envolvidos por
gaze estéril. O fixador pode ficar aparente, portanto, não necessita ficar
coberto por atadura de crepom, sendo que, somente nos primeiros dias após a
cirurgia, isto é conveniente.
A crosta que se forma normalmente, deve ser removida com gaze, cotonete ou uma
escova de dente macia. Em certos casos, para facilitar esta remoção pode-se
usar água oxigenada leve (10 volumes).
Em alguns casos, onde existe secreção abundante, a higiene dos pinos necessita
ser realizada mais de uma vez ao dia.
NÃO ESQUEÇA: LAVE BEM AS MÃOS ANTES DE FAZER O CURATIVO!
Banho
O banho de chuveiro diário ensaboando a pele ao redor dos pinos usando sabonete
neutro, está autorizado, tão logo, a ferida cirúrgica principal esteja
cicatrizada, lembrando que o fixador pode ser molhado com água corrente.
Mergulhos em piscina ou água do mar estão proibidos, pelos efeitos corrosivos
sobre os componentes metálicos do fixador, bem como, possíveis contaminações ao
nível da inserção dos pinos.
Vestuário
Use roupas leves e largas que acomodem bem o fixador. No caso da coxa, o uso do
velcro em calças compridas ou bermudas com aberturas laterais é uma boa opção.
Problemas
No decorrer do tratamento, é normal o surgimento de uma secreção clara,
transparente, que seca e se transforma em casca e deve ser removida, pois pode
favorecer o aparecimento de secreção purulenta. Vermelhidão, inchaço, dor e
aumento da temperatura local são sinais de infecção superficial e devem
inicialmente ser combatidos com uma limpeza mais enérgica e freqüente. Quando
se fala em limpeza enérgica, quer dizer, que devemos proceder a um
massageamento da pele ao redor do pino, lavando sempre com sabonete líquido
tipo Soapex, soro fisiológico e depois álcool a 70º.
Caso a infecção persista, com presença de secreção abundante, espessa e fétida,
entre em contato com seu médico que provavelmente lhe recomendará o uso de
antibióticos por via oral durante certo período.
Movimentação
O paciente portador de fixador externo, seja qual for o caso, não deve fazer
repouso absoluto no leito, ou seja, deve andar, pisando, mesmo que levemente
com o auxílio de muletas. Deve ainda, exercitar as articulações acima e abaixo
ao segmento fixado. Por exemplo, se na tíbia (osso da perna) dobrar e estender
o joelho e tornozelo. Se no fêmur (osso da coxa) exercitar o quadril e o
joelho.
O quanto de carga corporal deve ser feito, será instruído por seu médico, no
momento adequado.
LEMBRE-SE QUE O ATO DE PISAR ESTIMULA O OSSO ENCURTANDO O TEMPO DE USO DO
FIXADOR!
Atuação
Pacientes submetidos a alongamentos ou transporte ósseo, devem seguir
religiosamente as instruções de rodagem do aparelho. A velocidade e o ritmo
ditados pelo médico são importantes para o sucesso do tratamento. Em geral, 1/4
de volta a cada 6 horas no sentido anti-horário, mas pode mudar, no decorrer do
tratamento, em virtude da resposta biológica mostrada no RX. Outros tipos de
ajustes serão sempre realizados pelo seu médico nas visitas periódicas ao
ambulatório, daí a importância do comparecimento nas datas agendadas.
Medo
Não encare o seu fixador como um monstro agarrado ao seu corpo. Veja-o como a
solução para o seu problema, como uma parte integrante e provisória do processo
de tratamento e que será removido tão logo seu papel esteja cumprido. Não se
abale com comentários leigos e desencorajadores. Resumindo: confie e colabore!
Dor
Em relação à dor, afirmamos: O SEU FIXADOR NÃO DOI!
Se a dor acontecer, pode tratar-se de afrouxamento do pino ou infecção de
trajeto. Não se automedique, procure orientação do seu médico que certamente
encontrará a solução para o problema.
Retirada
A retirada do fixador, tema polêmico e causa freqüente de ansiedade deve-se
resumir com uma simples frase: Quando chegar o momento o fixador será removido.
Salvo exceções, isto é feito no ambulatório e não causa dor devido à geometria
cônica do pino. Repetindo: não é necessária internação hospitalar nem anestesia
para este procedimento.
Recomendações
- Evite fumar, o fumo atrasa o tratamento.
- Evite antiinflamatórios, caso necessário, faça uso de analgésicos comuns ou
aquele que você está acostumado.
- Não existe dieta, alimente-se normalmente.
- Se beber faça-o moderadamente.
- Dirigir não é recomendável.
- Dentro do possível, procure levar a vida que levava antes de colocar o
fixador!